Talvez à primeira vista não se perceba, porque é que num blog em que é suposto falar-se de exposições, aparece o seu autor, com um nariz de buldog, quando o Carnaval já passou há muito. Mas tenham calma e vão perceber porquê.
Ciência na Rua
Nos passados dia 11 e 12 de Julho, entre as 17 e as 24 horas, Estremoz foi palco de CIÊNCIA NA RUA, subordinada ao tema EVOLUÇÃO, onde a Ciência e a Arte se juntaram na recriação de alguns grandes momentos ligados à EVOLUÇÃO DA VIDA NA TERRA.
A iniciativa, que contou com a presença do Ministro da Ciência e Tecnologia, Mariano Gago, foi organizada conjuntamente pelo Centro Ciência Viva de Estremoz, pela Câmara Municipal de Estremoz e pela Escola de Ciência e Tecnologia da Universidade de Évora, que estão de parabéns pela qualidade e pelo impacto do evento, que foi do agrado da população.
Sete grandes etapas evolutivas da vida na Terra foram levadas a efeito em sete locais públicos da cidade. Nestas recriações, o Teatro, a Dança, a Música, o Circo e a Magia do Fogo foram formas de expressão privilegiadas, que deram as mãos à Matemática, à Física, à Química, à Geologia e à Biologia. Na verdade, associado a cada momento havia um "quiosque da ciência" onde experiências, ao dispor do visitante, permitiam que este se aperceba da explicação científica do fenómeno.
A abertura de Ciência na Rua teve lugar, no sábado, pelas 17 horas, frente ao Centro Ciência Viva de Estremoz. Aí o grupo de teatro inglês “DESPERATE MAN”, apresentou o espectáculo “DARWIN E DODO”, parcialmente bilingue e que muito agradou aos espectadores, pela elevada comicidade, aliada ao rigor da divulgação cientifica do texto que lhe servia de suporte.
Um dos actores, pivot de todo o espectáculo e de grande comicidade (http://www.desperatemen.com/?p=66 ) fazia de Charles Darwin, o criador da Teoria da Evolução e o outro fazia de DoDo, uma ave extinta. Pois bem, Mister Charles Darwin, logo de início distribuiu papéis pelo público. Três crianças fizeram de aves com três diferentes bicos e eu que estava na primeira fila, quando dei por mim, mister Charles Darwin tinha-me enfiado um nariz de buldog ao mesmo tempo que me dizia. – You are Mister Huxley!
Como homem ligado á cultura que não ao espectáculo, só tinha uma saída possível: ficar com o nariz de buldog, enfiado para o que desse e viesse. E foi o que fiz e ali estive durante cerca de meia hora, com alguma dificuldade em respirar por um nariz que não era o meu, mas divertido e os que me rodeavam ainda mais. O gozo maior era para quem passava e não sabia bem o que se estava a passar, apenas via uma exposição da minha pessoa com o nariz de buldog.
Daí a razão deste post, a que dei o título de O BULDOG DE DARWIN. Depois, socorri-me da Wikipédia, para vos dar conhecimento de quem era este buldog.
O Buldog de Darwin
Thomas Henry Huxley (Ealing, Middlesex, 4 de Maio de 1825 — Eastbourne, Sussex, 29 de Junho de 1895) foi um biólogo britânico que ficou conhecido como "O Buldogue de Darwin" por ser o principal defensor público da teoria da Evolução de Charles Darwin e um dos principais cientistas ingleses do século XIX.
Biografia
Huxley nasceu na vila de Ealing, próximo de Londres, sendo o sétimo dos oito filhos de George Huxley, um professor de matemática em Ealing, em cuja escola Huxley teve os seus únicos dois anos de educação infantil formal. Em 1835, a sua família mudou-se para Coventry, onde estudou vorazmente em casa. Aos 15 anos, começou a estudar Medicina inicialmente como aprendiz, depois como bolseiro do Hospital Charing Cross. Aos vinte, passou nos exames da Universidade de Londres, ganhando a medalha de ouro para a Anatomia e Fisiologia. Em 1845 (ainda aos 20 anos), publicou o seu primeiro texto científico demonstrando a existência de uma camada interna nos cabelos. Essa camada passou a ser conhecida como camada de Huxley.
A viagem no H.M.S. Rattlesnake
Aos 21 anos, alistou-se na Marinha Inglesa e teve a oportunidade de servir como assistente de cirurgião à bordo do H.M.S. Rattlesnake, que partia com a missão de cartografar a costa da Austrália e Nova Guiné, importante rota comercial ainda pouco explorada pelos ingleses. Durante a árdua e perigosa viagem, teve a oportunidade de encontrar, descrever e enviar à Inglaterra grande quantidade de novos espécimes animais, além de conhecer a jovem Henrietta Heathorn, de quem ficou noivo e com quem se casou em 1855.
O retorno à Inglaterra
Quando voltou à Inglaterra, em 1850, os seus relatos e espécimes já o haviam tornado um célebre cientista e a fama permitiu-lhe o acesso à nata da ciência inglesa, incluindo Charles Darwin. Devido à sua origem humilde, precisou se destacar pela inteligência e empenho para conseguir oportunidades. A necessidade crescente de obter fonte de rendimentos suficientes para suas actividades e para cuidar da esposa e família que chegou a oito filhos, era muito maior do que a oferecida a cientistas numa época em que a Ciência era motivo de orgulho nacional, mas não era considerada uma profissão e sim uma actividade desenvolvida por homens da elite, sustentados pelas próprias fortunas. Assim, Huxley precisou de se candidatar a cargos com salário disponível para cientistas, muitas vezes acumulando diversas funções e responsabilidades. Assim, apesar das dificuldades financeiras, tornou-se progressivamente mais respeitado não apenas pelos seus méritos científicos, mas pela sua crescente influência que abrangeu diversas áreas da cultura inglesa, incluindo literatura, religião e até a reforma no sistema educacional.
Huxley e a Teoria da Evolução
T.H. Huxley foi um dos poucos confidentes a quem Charles Darwin expôs suas ideias evolucionistas antes da publicação da Origem das Espécies e um dos principais responsáveis pelo sucesso da sua publicação. Logo após conhecer e concordar com a Teoria da Evolução (apesar de não aceitar várias das ideias de Darwin, como o gradualismo), iniciou a estratégia eficaz de substituir na cúpula científica inglesa, graças à sua influência, cientistas idosos e com ideias ultrapassadas por uma nova classe de cientistas jovens e talentosos, abertos a novas ideias e prontos para uma "revolução" científica. Em 1858, quando Darwin foi orientado (em parte por Huxley) a elaborar rapidamente um artigo científico sobre a Teoria da Evolução em conjunto com Alfred Russel Wallace, que havia chegado independentemente a conclusões semelhantes às de Darwin, para a Linnean Society, em Londres. A comunidade científica já era muito diferente e permeável à mudança. De facto, apesar da resistência esperada, a mudança de paradigma causada pela Teoria da Evolução coincidiu com uma ampla mudança na ciência inglesa.
O Buldogue de Darwin
Como Darwin nunca foi um grande orador e preferiu morar no interior da Inglaterra, longe dos debates e repercussões da sua teoria, coube a Thomas Huxley o papel de principal defensor da Evolução. Orador perspicaz e feroz, além de um humor cínico, valeram-lhe o apelido. Como disse ao estudante Henry Fairfield Osborn, "Você sabe que eu tenho que tomar conta dele – de facto, eu sempre tenho sido o buldogue de Darwin".
O mais importante debate sobre Evolução ocorreu em 30 de Junho de 1860, na Universidade de Oxford, entre T. H. Huxley e o seu principal opositor, o Bispo Samuel Wilberforce, acompanhado de seu acólito Richard Owen. Com o tema "Darwinismo e Sociedade", a Universidade precisou de à última hora, transferir o evento para uma sala maior, graças a um público estimado entre 700 a 1.000 pessoas. Apesar de não ter sido transcrito no momento, as descrições foram de grande vitória para Huxley, no que se considera ser um dos grandes debates científicos da História. No momento mais conhecido da discussão, Samuel Wilberforce teria perguntado se foi "através da sua avó ou do seu avô" que ele "alegava a descendência de um macaco". A resposta de Huxley foi clara e ovacionada pelo público: "Se a questão é se eu preferiria ter um macaco miserável como avô ou um homem altamente favorecido pela natureza que possui grande capacidade de influência mas mesmo assim emprega essa capacidade e influência para o mero propósito de introduzir o ridículo numa discussão científica séria, eu não hesitaria afirmar a preferência pelo macaco".
Não foi apenas um debate científico, mas também um confronto entre Ciência e Religião. Darwin mais tarde escreveu: "De tudo o que escuto de várias partes, parece-me que Oxford fez um grande bem ao assunto. É de grande importância mostrar ao mundo que uns poucos homens de primeira, não tem medo de exprimir a sua opinião.". Anos depois, disse ao professor Marsh: "Huxley é o rei dos homens", que contou ao próprio Huxley, que respondeu: "Agora você pode entender por que todos nós que conhecemos Darwin temos grande afeição por ele, e quando seus inimigos insultam esse nobre homem, por que é que é meu direito ser tão duro na sua defesa.". E foi o mais fiel defensor de Darwin até após a sua morte em 1882, quando liderou com sucesso uma campanha para que a Inglaterra prestasse a Darwin o maior reconhecimento que um inglês pode receber: o direito de ser enterrado na Abadia de Westminster.
Legado
Talentoso popularizador da ciência, criou o termo "agnosticismo" para descrever o seu posicionamento acerca da crença religiosa. Foi também creditado por inventar o conceito de biogénese, uma teoria que diz que todas as células provêm de outras células.
Ao longo da sua vida, Huxley contribuiu também para a Embriologia, Taxionomia e Morfologia. Também ajudou a desancar o Lamarckismo e a sua teoria do mecanismo da evolução.
Teve uma grande disputa científica com Richard Owen, que dizia que o ser humano era claramente distinto dos demais animais por causa da estrutura anatómica de seu cérebro. Huxley negava esta afirmação e refutou-a em diversos artigos, demonstrando que ela era na verdade inconsistente com factos conhecidos. Consolidou este assunto na obra Evidence as to Man's place in Nature (1863).
Durante 31 anos, Huxley ocupou a cadeira de História Natural na School of Mines, onde se ocupou de pesquisas em paleontologia.
Em 1870, Huxley saiu do mundo das pesquisas científicas para assumir compromissos políticos. Foi secretário executivo da Royal Society de 1871 a 1880, e presidente desta sociedade de 1881 a 1885.
A sua saúde entrou em colapso em 1885. Em 1890, mudou-se de Londres para Eastbourne, onde, após uma enfermidade dolorosa, morreu.
Huxley é o patriarca de uma distinta família de académicos britânicos, incluindo os seus netos Aldous Huxley (o escritor), Sir Julian Huxley (o primeiro director da UNESCO e fundador do World Wildlife Fund), e Sir Andrew Huxley (o fisiologista e vencedor do Prémio Nobel). Foi laureado com a medalha Wollaston concedida pela Sociedade Geológica de Londres, em 1876.
Epílogo
Digam-me lá se a importância desta figura da Ciência não justifica plenamente a minha exposição com um nariz de buldog durante cerca de meia hora...E esta, hein?
Sem comentários:
Enviar um comentário