quinta-feira, 25 de julho de 2013

Uma leitura da perspectiva estética de Álvaro Cunhal

O Dr. Júlio Rebelo ( à direita) no decurso da sua palestra.
Fotografia de Luís Mariano Guimarães.


Este o título da palestra proferida pelo Dr. Júlio Rebelo, no passado sábado, dia 13 de Julho, na Sala de Exposições do Centro Cultural Dr. Marques Crespo, em Estremoz.
A iniciativa, integrada nas “Comemorações do Centésimo Aniversário do Nascimento de Álvaro Cunhal”, foi da Associação Filatélica Alentejana e contou com o apoio do Partido Comunista Português e da Câmara Municipal de Estremoz.
A palestra decorreu duma leitura interpretativa da obra de Álvaro Cunhal, publicada em 1995: “A Arte, o Artista e a Sociedade”, publicada em 1995 e escrita ao longo de três décadas.
Numa primeira parte, o orador fez o enquadramento e deu a conhecer a estrutura desta amadurecida obra, composta por catorze capítulos e que é um ensaio sobre a arte e sobre a estética. Segundo ele, “Há uma constância na perspectiva mostrada e um fio condutor estético e ideológico que se mantém ao Iongo de todo o texto. Há, se quiserem, uma concepção de arte definida e defendida desde a primeira à última página.”. Segundo o palestrante, a obra profusamente ilustrada com imagens criteriosamente seleccionadas “tem uma lógica didáctica, que é a de divulgar e promover sobretudo a pintura e a literatura, o que é feito em três direcções: a primeira que apresenta aquilo que é a verdadeira expressão da arte: o Belo, que é teorizado com enquadramentos históricos sobre o seu entendimento e a sua assimilação numa experiência estética; uma segunda em que Cunhal dirige a sua crítica contra o formalismo, uma vez mais teorizando e dando pistas esclarecedoras que permitam às pessoas compreenderem como esta concepção, assente num individualismo exacerbado e fechado sobre si próprio, se afastou do essencial da arte; e o essencial da arte está justamente na terceira direcção proposta: o respeito pela inspiração e criatividade do artista, mas isso conjugado e numa profunda comunhão com a vida das comunidades, sabendo retirar dessa experiência humana colectiva a riqueza que fortifica esse carácter criador que o artista possui.”
Numa segunda parte, o conferencista procurou dar uma resposta à pergunta: “0 que é a arte para Cunhal?”, resposta que foi construída “tendo em conta a enunciação e o comentário de dois aspectos: por um lado, a posição crítica de Cunhal, isto é, aquilo que lhe suscitou reservas, discordou ou inclusive combateu no campo da arte e, por outro, a apologia e a defesa de uma determinada concepção de arte.” Fazendo citações de Álvaro Cunhal, que interpretava e comentava, Júlio Rebelo acabou por dizer em síntese, o que é a Arte para Cunhal: “Arte é imaginação, é fantasia, é descoberta, é sonho do artista, mas tudo isso concretizado na intervenção deste a partir da experiência vivida e apreendida dos anseios e das lutas dos povos.” e aquele que é “o melhor atributo da arte: Arte é liberdade”.
No final da palestra, a que assistiram cerca de três dezenas de pessoas, houve um debate vivo com a assistência.